O que mais se ouve falar em todas
as rodas é sobre o tal Custo Brasil, composto da falta de infraestrutura,
sistema tributário caótico, burocracia, leis trabalhistas ultrapassadas e
corrupção. Os eleitores brasileiros, quando vão às urnas, depositam seu voto –
e sua esperança – para que os políticos executem reformas que possam dar uma
nova cara ao Brasil, elevando o país a um patamar de desenvolvimento e
qualidade de vida que faça jus aos impostos pagos. Mas infelizmente não é isso
que se vê sair do Congresso, que se afunda em corrupção, inoperância – com
tantos projetos engavetados – e ainda executam manobras para impedir que o
Ministério Público investigue e o Supremo Tribunal Federal decida sobre
questões constitucionais. Assim, simplificando: não querem ser investigados e
nem julgados.
O
que assistimos com este quadro é um país que patina com um pibinho. Para se ter
uma idéia, enquanto se comemora a super-safra de grãos, temos dificuldade de
escoar a produção e exporta-la (já tivemos encomendas suspensas por quebra de
contrato). Ao mesmo tempo em que não temos linhas de trem para levar nossas
riquezas ao mercado consumidor e aos portos, convivemos com os desmandos da
empresa pública Valec Engenharia Construções e Ferrovias S.A., vinculada ao
Ministério dos Transportes, e responsável pela construção da ferrovia Norte
Sul. O ex-presidente desta estatal, José Francisco das Neves, conhecido como
Juquinha das Neves, responde por crimes de formação de quadrilha, corrupção
ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Quando foi candidato a deputado federal,
em 1998, Juquinha declarou ter um patrimônio de R$ 560 mil. Durante as
investigações de corrupção foram aprendidos aproximadamente R$ 60 milhões em
bens e recursos bancários.
Além
da logística, fazem parte do Custo Brasil, o sistema tributário em cascata, com
inúmeras normas que tornam a vida das empresas um verdadeiro inferno com tanta
burocracia para pagar e estar em dia com o Fisco. Pior é que quem paga esta
conta é o consumidor, pois aqui no Brasil a maior incidência de impostos recai sobre o consumo e não sobre
a renda, penalizando os mais pobres. A legislação trabalhista, datada de 1943,
urge por mudanças. A CLT não contempla a modernização da economia e o avanço da
tecnologia, engessando a relação empregador e empregado e dificultando a
criação de novos postos de trabalho.
Como
se vê, as reformas estão todas engavetadas no Congresso. Elas não andam e o que
se assiste é um discurso vazio, apadrinhamento de políticos corruptos e despreparados
em cargos importantes de ministérios e estatais. Creio que nem passa na cabeça
do Congresso modificar algo, pois dar educação e saúde para o povo significaria
criar uma massa crítica mais qualificada e não haveria sentido as políticas
demagógicas de assistencialismo que garantem a perpetuação no poder destes
políticos profissionais.