domingo, 29 de novembro de 2015

Convicções.







            Quando fazia o segundo grau no Colégio João XXIII em Porto Alegre (na época Instituto Educacional João XXIII), um professor de história do Brasil disse que o PT, que estava sendo gestado no ABC pelo então sindicalista Lula, ainda não estava pronto para o poder. Lembro que retruquei (ou pensei em silêncio) que nunca ficaria pronto. Na época não tinha todo arcabouço cultural que tenho hoje e muito menos argumentos, mas algo me dizia que aquele partido não teria um propósito político maior além de tentar impor sua ideologia sem travar um diálogo com a sociedade e que usaria de qualquer “artimanha” para se perpetuar no poder. Chegamos em 2015, já no terceiro mandato do PT e parafraseando o ex-presidente Lula “nunca se roubou tanto na história deste país”.
            Continuando minha linha de pensamento, não quero colocar nas costas do PT toda a responsabilidade por tudo que o país está vivendo. Poderia percorrer a história desde o sistema cartorial português que nos trouxe a burocracia e uma dose de corrupção. Poderia fazer um diferencial da colonização americana e brasileira. Poderia falar da lógica luterana e católica. Seria um texto muito longo, embora válido. Mas vou ficar na Constituição de 1988 e focando nela será fácil de entender como chegamos neste estágio. O papel aceita tudo e os constituintes que formataram a Carta Magna vigente incorreram no erro de formatar este presidencialismo de coalizão, onde o executivo tem que fazer uma costura enorme para compor a base aliada com os inúmeros partidos de plantão (a maioria verdadeiros balcões de negócios). Ainda sobre a obra de ficção criada em 1988 deixo aqui um levantamento para o leitor entender como e porque estamos vivendo este caos político e econômico: na Constituição Federal, a palavra "direito" aparece 76 vezes enquanto que a palavra "dever" aparece apenas quatro vezes. As palavras "produtividade" e "eficiência" aparecem duas e uma vez, respectivamente. O que fazer com um país que tem 76 direitos, quatro deveres, duas produtividades e uma eficiência? Claro que com tudo isto criamos um monstro, dando margem a um governo paternalista, surgimento de partidos populistas que verdadeiramente compram votos através de promessas para a população (Bolsa Família, Minha Casa Melhor e coisas do gênero) e compra do Congresso, por meio de distribuição de cargos e compra de votos (Mensalão, Lava a Jato, etc.). O partido por hora no poder soube como nunca explorar este caminho, pois nunca teve um projeto para o Brasil e sim uma ideia clara de se perpetuar no poder. Não fez nenhuma reforma por incompetência ou conveniência.
As minhas convicções eu criei ao longo do tempo, através de leituras, estudos e vivências. Sou formado em administração de empresas e lá eu aprendi a importância de se planejar para executar algo grandioso que nos leve a um objetivo. Observando a história fui descartando as ideologias e de cara o socialismo e comunismo, por entender que para a sobrevivência deste tipo de ideologia se faz necessário um governo ditatorial, com censura e cerceamento da liberdade do indivíduo de ter posses e empreender. Tivemos a queda do Muro de Berlim, o processo de globalização e continuei absorvendo mais conhecimentos e alicerçando um pensamento básico que me levam a crer que o liberalismo econômico (ou capitalismo como queiram) é a melhor forma de uma nação se desenvolver. Acabo de retornar de Nova Iorque e por lá pude ver que de fato o sistema funciona. Um exemplo claro do abismo entre os EUA e o Brasil é o modo como são tratados os serviços públicos e a política: antes de embarcar a Presidenta Dilma colocou no cargo de presidente dos Correios alguém ligado ao PDT (que curriculum e aptidão poderá ter alguém que assume o um cargo importante só por ser ligado a um partido?). Caminhando pelas ruas de Nova Iorque vi diversas vans e centros de distribuição de empresas como FEDEX ou UPS, prestando serviços correio e transporte de mercadorias sem que o governo intervenha ou distribua cargos entre amigos. O fato do governo não atrapalhar, facilitando a abertura de negócios, simplificando o sistema tributário, criando regras claras para serem seguidas por todos os cidadãos e empresas, fornecendo mecanismos para criação de infraestrutura (parceria público-privada por exemplo) e investindo em educação é um grande passo para uma mudança de paradigma que faça criar um ambiente de negócios fértil. Para isto, precisamos reformar a Constituição, fazermos uma reforma política e tributária e revermos o nosso sistema federativo (não tem sentido a União ficar com 70% da arrecadação tributária). Caso nada for feito, de nada adianta mudar o governante, pois a compra de votos e distribuição de cargos será algo permanente nesta estrutura política construída com a Constituição de 1988.