Quando fazia o segundo grau no
Colégio João XXIII em Porto Alegre (na época Instituto Educacional João XXIII),
um professor de história do Brasil disse que o PT, que estava sendo gestado no
ABC pelo então sindicalista Lula, ainda não estava pronto para o poder. Lembro
que retruquei (ou pensei em silêncio) que nunca ficaria pronto. Na época não
tinha todo arcabouço cultural que tenho hoje e muito menos argumentos, mas algo
me dizia que aquele partido não teria um propósito político maior além de
tentar impor sua ideologia sem travar um diálogo com a sociedade e que usaria
de qualquer “artimanha” para se perpetuar no poder. Chegamos em 2015, já no
terceiro mandato do PT e parafraseando o ex-presidente Lula “nunca se roubou
tanto na história deste país”.
Continuando minha linha de
pensamento, não quero colocar nas costas do PT toda a responsabilidade por tudo
que o país está vivendo. Poderia percorrer a história desde o sistema cartorial
português que nos trouxe a burocracia e uma dose de corrupção. Poderia fazer um
diferencial da colonização americana e brasileira. Poderia falar da lógica
luterana e católica. Seria um texto muito longo, embora válido. Mas vou ficar
na Constituição de 1988 e focando nela será fácil de entender como chegamos
neste estágio. O papel aceita tudo e os constituintes que formataram a Carta
Magna vigente incorreram no erro de formatar este presidencialismo de coalizão,
onde o executivo tem que fazer uma costura enorme para compor a base aliada com
os inúmeros partidos de plantão (a maioria verdadeiros balcões de negócios).
Ainda sobre a obra de ficção criada em 1988 deixo aqui um levantamento para o
leitor entender como e porque estamos vivendo este caos político e econômico:
na Constituição Federal, a palavra "direito" aparece 76 vezes
enquanto que a palavra "dever" aparece apenas quatro vezes. As
palavras "produtividade" e "eficiência" aparecem duas e uma
vez, respectivamente. O que fazer com um país que tem 76 direitos, quatro
deveres, duas produtividades e uma eficiência? Claro que com tudo isto criamos
um monstro, dando margem a um governo paternalista, surgimento de partidos
populistas que verdadeiramente compram votos através de promessas para a
população (Bolsa Família, Minha Casa Melhor e coisas do gênero) e compra do
Congresso, por meio de distribuição de cargos e compra de votos (Mensalão, Lava
a Jato, etc.). O partido por hora no poder soube como nunca explorar este
caminho, pois nunca teve um projeto para o Brasil e sim uma ideia clara de se
perpetuar no poder. Não fez nenhuma reforma por incompetência ou conveniência.
As minhas convicções eu criei ao longo do tempo, através de
leituras, estudos e vivências. Sou formado em administração de empresas e lá eu
aprendi a importância de se planejar para executar algo grandioso que nos leve
a um objetivo. Observando a história fui descartando as ideologias e de cara o
socialismo e comunismo, por entender que para a sobrevivência deste tipo de
ideologia se faz necessário um governo ditatorial, com censura e cerceamento da
liberdade do indivíduo de ter posses e empreender. Tivemos a queda do Muro de
Berlim, o processo de globalização e continuei absorvendo mais conhecimentos e
alicerçando um pensamento básico que me levam a crer que o liberalismo
econômico (ou capitalismo como queiram) é a melhor forma de uma nação se
desenvolver. Acabo de retornar de Nova Iorque e por lá pude ver que de fato o
sistema funciona. Um exemplo claro do abismo entre os EUA e o Brasil é o modo
como são tratados os serviços públicos e a política: antes de embarcar a
Presidenta Dilma colocou no cargo de presidente dos Correios alguém ligado ao
PDT (que curriculum e aptidão poderá ter alguém que assume o um cargo
importante só por ser ligado a um partido?). Caminhando pelas ruas de Nova
Iorque vi diversas vans e centros de distribuição de empresas como FEDEX ou
UPS, prestando serviços correio e transporte de mercadorias sem que o governo
intervenha ou distribua cargos entre amigos. O fato do governo não atrapalhar,
facilitando a abertura de negócios, simplificando o sistema tributário, criando
regras claras para serem seguidas por todos os cidadãos e empresas, fornecendo
mecanismos para criação de infraestrutura (parceria público-privada por
exemplo) e investindo em educação é um grande passo para uma mudança de
paradigma que faça criar um ambiente de negócios fértil. Para isto, precisamos
reformar a Constituição, fazermos uma reforma política e tributária e revermos
o nosso sistema federativo (não tem sentido a União ficar com 70% da
arrecadação tributária). Caso nada for feito, de nada adianta mudar o
governante, pois a compra de votos e distribuição de cargos será algo
permanente nesta estrutura política construída com a Constituição de 1988.