No sistema federalista, em que os estados gozam de plena autonomia e os
impostos ficam onde a riqueza é produzida, pensar em governador indo até
o governo central pedir ajudar financeira ou ter receita de impostos
retidos por este governo é algo que soa surreal.
Certa vez Nova Iorque estava literalmente quebrada e bateu nas portas
de Washington e recebeu um sonoro não. A cidade teve que se reinventar
(algo que esta na sua genética) e hoje é o que é. Aqui no Brasil, fruto
de uma Constituição torta, que deu aos estados
deveres e a União a incumbência de repassar recursos para saúde e
educação convivemos com estados sem autonomia e governadores que
precisam se humilhar para conseguir recursos para suas regiões. Soma-se a
gastos desmedidos (algo que ocorre em todos os níveis
de governo), previdência pública quebrada e por fim o tal "esqueleto da
dívida", criado na época do PROER, quando o Banco Central socorreu os
bancos estaduais falidos e em troca coube aos estados pagar mensalmente o
serviço desta dívida para a União. Aqui
no Rio Grande do Sul, por questões de um orgulho bairrista, ficamos com
o Banrisul e tivemos a nossa dívida aumentada de forma estratosférica.
Somado com os desgovernos que tivemos, aumentando constantemente o gasto
com o pessoal, através de CCs, criação da
UERGS ou empresa para cuidar de rodovias, temos um estado insolvente
que não consegue responder a nenhum anseio da sociedade. Sem solução a
vista (para abrir uma empresa basta um canetaço e para fechar um
referendo), com a pressão da sociedade e servidores,
o governo irá aumentar o ICMS, recaindo sobre o setor produtivo o
pesado fardo que este Estado carrega. Em tempos de recessão, poderemos
ver esta medida não surtir efeito, pois se o aumento não é suportado
pelas empresas e sociedade a tendência é ver investimentos
fugirem daqui e empresas fecharem as portas. Pobre Rio Grande do Sul,
seremos uma Argentina ou uma Grécia sem ajuda dos países da Zona do
Euro.