Estamos
em 2014 e ainda vivemos efeitos deletérios herdados de acontecimentos
históricos do passado. No oriente médio temos a constante tensão entre
palestinos e judeus. Agora, assistimos um presidente deposto na Ucrânia e o
exército russo invadindo a região da Crimeia. Não sou historiador, mas vou
relembrar os fatos para entendermos um pouco o que estamos vivendo.
Após
a Segunda Guerra Mundial, o mundo ficou de frente com as sequelas de anos de
crueldade: mais de seis milhões de judeus exterminados nos campos nazistas. Com
isso, as organizações voltadas para ajuda humanitária passaram a resgatar os
judeus que sobreviveram nos campos de concentração e embarcá-los
clandestinamente para a palestina. A Inglaterra tentou de todas as formas
barrar o desembarque dos refugiados, lembrando que a Palestina era concessão
britânica. A opinião pública mundial sensibilizada teve reforçada a ideia de criação de um
Estado judeu na Palestina. Em 1947, em assembleia realizada pela Organização
das Nações Unidas (ONU), presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, foi
deliberada a divisão da Palestina em dois Estados, o Estado Judeu e o Estado
Árabe. Em maio de 1948, os judeus, liderados por David Bem Gurion, fundaram
oficialmente o Estado de Israel. No entanto, o Estado árabe prenunciado pela
ONU nessa partilha não foi estabelecido e os palestinos lutam até hoje para ter
o seu Estado. Esse episódio foi denominado Questão Palestina. Assim,
resumidamente, entendemos o que acontece hoje naquela região. Teríamos outro
ponto de tensão entre os dois povos: a falta de água na região.
Agora,
para entendermos a questão da Ucrânia e a região da Crimeia naquele país vamos
voltar ao passado e vermos como foi costurada e antiga URSS. A União Soviética
(URSS, USSR ou CCCP) surgiu logo após a Revolução Russa, e era composta de
vários países soviéticos e tinha uma enorme extensão geográfica, englobando os
Países Bálticos, o leste da Polônia, a Besserábia e excluindo apenas a Polônia
e a Finlândia. Durante a Guerra Fria, a URSS criou um poderoso bloco socialista
que se estendia da Europa Oriental até a América, passando pelo Extremo
Oriente, Sudeste Asiático, Oriente Médio e pela África e todo esse bloco era
comandado por Moscou. A URSS cresceu tanto que chegou a ser formada por 15
países na época, até sua dissolução: Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia,
Estônia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão,
Letônia, Lituânia, Moldávia, Rússia, Tadjiquistão, Turcomenistão,
Ucrânia e Uzbequistão. Com a queda do Muro
de Berlim começou a ser derrubado depois de 28 anos de existência deste bloco
comunista. Não foi apenas a queda, mas também ocorreram grandes manifestações
em que se pedia a liberdade, e assim, o Muro de Berlin tornou-se um dos maiores
símbolos do fim desse período.
Voltando
a questão da Crimeia, temos a Rússia com todos os vícios da antiga URSS, com
bilionários surgidos no setor do petróleo, nascidos de dentro da antiga KGB a
base de tráfico de influência e corrupção. Para se ter uma idéia, temos mais
bilionários em Moscou do que em Nova Iorque. Por outro lado, lembrando a
“limpeza étnica” feita por Hitler, temos o Vladimir Putin com sua obtusa cabeça
do tempo da URSS a perseguir gays e o desejo claro de reunificar regiões onde
se tem presente a forte presença de cidadãos de origem russa. Paralelo a isto,
não pode esquecer da importância do petróleo e dos gasodutos que varrem toda a
região. Não tenho a mínima idéia do que irá acontecer nesta região, mas temos
claramente um desejo da população ucraniana de se ver livre de dirigentes
corruptos e se aliar a Europa Ocidental para tentar vivenciar um crescimento
econômico e social semelhante ao que teve a antiga Alemanha Oriental e do outro
lado a força do exército e do dinheiro russo tentando manter sob seu controle
antigas regiões do bloco soviético. Afinal, a Guerra Fria ainda não acabou?