segunda-feira, 10 de março de 2014

Efeitos deletérios.





            Estamos em 2014 e ainda vivemos efeitos deletérios herdados de acontecimentos históricos do passado. No oriente médio temos a constante tensão entre palestinos e judeus. Agora, assistimos um presidente deposto na Ucrânia e o exército russo invadindo a região da Crimeia. Não sou historiador, mas vou relembrar os fatos para entendermos um pouco o que estamos vivendo.
            Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo ficou de frente com as sequelas de anos de crueldade: mais de seis milhões de judeus exterminados nos campos nazistas. Com isso, as organizações voltadas para ajuda humanitária passaram a resgatar os judeus que sobreviveram nos campos de concentração e embarcá-los clandestinamente para a palestina. A Inglaterra tentou de todas as formas barrar o desembarque dos refugiados, lembrando que a Palestina era concessão britânica. A opinião pública mundial sensibilizada  teve reforçada a ideia de criação de um Estado judeu na Palestina. Em 1947, em assembleia realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, foi deliberada a divisão da Palestina em dois Estados, o Estado Judeu e o Estado Árabe. Em maio de 1948, os judeus, liderados por David Bem Gurion, fundaram oficialmente o Estado de Israel. No entanto, o Estado árabe prenunciado pela ONU nessa partilha não foi estabelecido e os palestinos lutam até hoje para ter o seu Estado. Esse episódio foi denominado Questão Palestina. Assim, resumidamente, entendemos o que acontece hoje naquela região. Teríamos outro ponto de tensão entre os dois povos: a falta de água na região.
            Agora, para entendermos a questão da Ucrânia e a região da Crimeia naquele país vamos voltar ao passado e vermos como foi costurada e antiga URSS. A União Soviética (URSS, USSR ou CCCP) surgiu logo após a Revolução Russa, e era composta de vários países soviéticos e tinha uma enorme extensão geográfica, englobando os Países Bálticos, o leste da Polônia, a Besserábia e excluindo apenas a Polônia e a Finlândia. Durante a Guerra Fria, a URSS criou um poderoso bloco socialista que se estendia da Europa Oriental até a América, passando pelo Extremo Oriente, Sudeste Asiático, Oriente Médio e pela África e todo esse bloco era comandado por Moscou. A URSS cresceu tanto que chegou a ser formada por 15 países na época, até sua dissolução: Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Estônia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão,  Letônia, Lituânia, Moldávia, Rússia, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e  Uzbequistão. Com a queda do Muro de Berlim começou a ser derrubado depois de 28 anos de existência deste bloco comunista. Não foi apenas a queda, mas também ocorreram grandes manifestações em que se pedia a liberdade, e assim, o Muro de Berlin tornou-se um dos maiores símbolos do fim desse período.
            Voltando a questão da Crimeia, temos a Rússia com todos os vícios da antiga URSS, com bilionários surgidos no setor do petróleo, nascidos de dentro da antiga KGB a base de tráfico de influência e corrupção. Para se ter uma idéia, temos mais bilionários em Moscou do que em Nova Iorque. Por outro lado, lembrando a “limpeza étnica” feita por Hitler, temos o Vladimir Putin com sua obtusa cabeça do tempo da URSS a perseguir gays e o desejo claro de reunificar regiões onde se tem presente a forte presença de cidadãos de origem russa. Paralelo a isto, não pode esquecer da importância do petróleo e dos gasodutos que varrem toda a região. Não tenho a mínima idéia do que irá acontecer nesta região, mas temos claramente um desejo da população ucraniana de se ver livre de dirigentes corruptos e se aliar a Europa Ocidental para tentar vivenciar um crescimento econômico e social semelhante ao que teve a antiga Alemanha Oriental e do outro lado a força do exército e do dinheiro russo tentando manter sob seu controle antigas regiões do bloco soviético. Afinal, a Guerra Fria ainda não acabou?