quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Elixir paregórico e o IPI.


Lembro que na minha infância, quando tinha alguma tipo de mal estar, minha mãe dava para mim o elixir paregórico*.Até hoje não sei bem para servia. Era um remédio amargo e eu tomava fazendo cara feia. Agora, o decreto regulamentando o aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados parece muito o tal remédio amargo. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) considera que as mudanças chegam em boa hora para proteger a indústria automobilística nacional, que sofre com a perda de competitividade.

Contudo, se fizermos um estudo sobre os motivos da falta de competitividade vamos apontar diversas razões que fazem com que o Brasil perca competitividade: corrupção administrativa elevada; déficit público elevado; burocracia excessiva para criação de uma empresa; taxas de juros; spread bancário exagerado (um dos maiores do mundo); obstáculos para importação e exportação, que dificultam o comércio exterior; uma das maiores cargas tributarias do mundo; altos custos trabalhistas; sistema previdenciário que encarece a folha de pagamento, falta de infraestrutura e legislação fiscal complexa e ineficiente.

Esta medida do governo, assim como outras tantas, têm o efeito de placebo. Até amenizam certos problemas que sofrem nossa economia, mas nem de longe agem nas causas e, desta forma, vamos deixando de fazer as reformas estruturais que tanto necessitamos, contemplando os anseios de poucos e prejudicando a maioria silenciosa que paga caro para ter acesso a bens, serviços públicos de qualidade ou de obter algum emprego.

*Tintura de ópio ou elixir paregórico é um medicamento da classe dos narcóticos, de administração oral, utilizado como antidiarréico e analgésico. Muito popular no Brasil, é tradicionalmente usado nos casos de diarreia. Por ser um opiáceo, potencialmente causador de adição, tem seu uso controlado.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Terror chinês.


Muito tem se falado a respeito da recessão mundial, processo de desindutrialização no Brasil e crise no Oriente Médio. Mas cabem aqui algumas reflexões. O medo do terror que assola o mundo ocidental e particularmente os EUA tem em sua origem em um forte apoio americano durante a Guerra Fria. Com o objetivo de combater o comunismo, os EUA apoiaram ditaduras e governos com forte ligação com o Islamismo, acreditando que desta forma afastaria o Oriente Médio do regime Soviético. Contudo, o que se viu foi o fortalecimento de grupos religiosos que em nenhum momento desejou tomar o poder e sempre teve como objetivo combater e destruir o modo de vida ocidental e suas crenças religiosas. Não sabemos o que irá ocorrer nesta região com a derrocada de regimes ditatoriais tendo fim com a força da população arregimentada através de comunidades sociais. Mas, com certeza, o terror não tem data para dar trégua.

Paralelamente, ao medo de atentados, vivemos com a forte recessão que varre o mundo e este fenômeno é tão destrutivo quanto o temor latente de uma bomba que possa ser encontrada em cada esquina. O grande vilão do momento vem da China, com a verdadeira exploração da mão-de-obra e uma economia capaz de produzir bens industrializados por preços irrisórios. Esta realidade faz com que empregos sejam dizimados, a arrecadação dos cofres públicos baixe com a diminuição da produção industrial e os gastos com seguros desempregos e previdência aumentem de forma incalculável. O grande paradoxo é que diversas empresas do mundo ocidental fazem uso deste parque industrial chinês como forma de obter ganho de escala e a mesma China, que acaba com a indústria brasileira, por exemplo, sustenta a agricultura e a exportação de aço. Mais uma vez vivemos (convivemos) com o nosso inimigo dentro de casa e ele vai nos destruir com a nossa complacência.