quinta-feira, 28 de março de 2013

Do que o Brasil é capaz?







            No livro “A Queda” do jornalista Diogo Mainardi, onde ele escreve memórias de um pai e de seu filho que nasceu em Veneza com paralisia cerebral, decorrente de um erro médico, o autor diz que o maior talento dele é ir embora do Brasil e que ninguém sabe ir embora do Brasil melhor do que ele. Não pude morar fora do Brasil, mas tive a oportunidade de conhecer o Japão em 2006 e retornei de lá com uma enorme inveja daquele povo e de como eles enfrentam suas dificuldades – enorme população e perigo iminente de terremoto. As ruas de Tókio eram limpas, o cidadão respeitava a faixa de segurança, a infraestrutura de transporte funcionava com um emaranhado de linhas de metrô tornando o trânsito da capital japonesa bastante aceitável. Retornando ao Brasil, tive um choque ao ver a montanha de lixo que se acumulava nas ruas de São Paulo e a dificuldade de trafegar no trajeto de Guarulhos até Congonhas.
            Coloco todas estas questões, pois o antigo Presidente Lula, aquele que achava que o país começou no governo dele (lembram da frase “Nunca antes na história deste páis”?) assumiu o compromisso de promover uma Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos em uma atitude de megalomania. O que se vê nos noticiários é o atraso de obras, dificuldade de cumprir cronogramas, como a implementação da tecnologia 4G para os celulares, prometida para Copa e longe de funcionar de fato, estradas, aeroportos e sistemas de transportes precários que farão das cidades envolvidas com os eventos um caos maior do que se vive hoje em dias “normais”. Ainda que a palavra da Presidenta e de seus assessores seja de otimismo, a história recente mostra que o Brasil não é capaz de realizar um grande evento de forma eficaz, deixando algum legado para a população. O que se vê no Rio de Janeiro, que sediou os Jogos Pan-Americanos de 2007, é a prova viva. A prefeitura está demolindo o ginásio do velódromo construído por R$ 14 milhões para fazer um outro maior. As ruas do condomínio que abrigou a Vila Pan-Americana estão cedendo, passando de dois metros o desnível da rua para a entrada do edifício, que está toda protegida por tapumes. O parque aquático Maria Lenk, que custou R$ 80 milhões, não servirá para 2016 e será construído outro. O Maracanã, reformado para o Pan de 2007 ao custo de R$ 304 milhões está sendo reconstruído para a Copa por mais de R$ 900 milhões. Por último, o Engenhão foi interditado por tempo indeterminado, com a sua cobertura ameaçada de cair por falha de execução do projeto.
            O que o Brasil realmente é capaz é de mostrar para o mundo como somos incompetentes. Não conseguimos escoar nossa produção de grãos por falta de portos adequados e estradas esburacadas. A educação de base fornecida pelo governo é de um nível lamentável, com falta de escolas dignas e professores preparados. Doentes empilhados em corredores de hospitais, mais parecendo cena de guerra. Mas o governo da Presidenta consegue, incrivelmente, manter uma boa aceitação popular, pois o povo recebe “ajuda social” de todos os tipos, empurrãozinho para o jovem oriundo do ensino público entrar em curso superior através de cotas e “vistas grossas” na avaliação do ENEM e o discurso de que com o dinheiro do pré-sal finalmente teremos recursos para a educação ou de um PAC milagroso tirado da cartola da Presidenta. Com o estado inchado e gastos do governo nas alturas seremos capaz de virar a Grécia ou a Venezuela de amanhã, cujo governo usava o dinheiro do petróleo para “comprar” os eleitores. Periga sermos capaz de fazer a Petrobras se tornas a PDVSA (estatal de petróleo sucateata da Venezuela). Do que o Brasil é capaz?
           

quinta-feira, 7 de março de 2013

Adeus Pai Chávez.







            Assisti nos telejornais ao povo venezuelano comovido com a morte do Comandante Hugo Chávez. Para entendermos como um populista, com ares de Fidel Castro, chegou ao poder e mudou as instituições para se perpetuar no poder, calando os opositores e fechando empresas de comunicação contrárias ao seu governo, temos que voltar no tempo. A Venezuela, em sua história recente, conviveu com uma disparidade enorme, ao lado de mansões, habitações luxuosas e carros caríssimos, tínhamos favelas e extrema pobreza. O surgimento do Comandante Chávez, que usou o dinheiro do petróleo para distribuir benefícios para a população, agradou esta grande massa desamparada. Estava pronta a receita para se perpetuar no poder e ganhar a simpatia do povo. Este tipo de populista prolifera pela América Latina “comprando” a população e políticos a custa de corrupção e desta forma se perpetuam no governo por longos anos.
            Mas como não deixar margem para o surgimento destes político demagogos? A lição que temos mais próxima vem dos Tigres Asiáticos: investimento em educação e infraestrutura. Foi desta forma que a Coréia do Sul ultrapassou o Brasil, diminuindo a pobreza e produzindo tecnologia de ponta. Enquanto na América Latina a “distribuição” de renda é feita através de políticas assistencialistas tão somente. Desta forma, o estado perdulário cobra da população um fardo pesado em impostos e tributos, sem um aumento da produtividade ou criação de tecnologia de ponta. Pobre América Latina.