Sou servidor da UFRGS e se fosse me
dado o direito de opinar sobre a abertura do campus litoral eu votaria contra.
O Brasil não necessita mais de universidades públicas, precisamos inverter a
pirâmide de investimentos no ensino e aplicar de forma qualificada no ensino de
base, saindo da discussão cansativa que centraliza só os ganhos salariais dos
professores, passando por uma melhoria da infraestrutura das escolas, melhor
qualificação do quadro funcional e implementação da meritocracia. O que vemos
como política é o governo alardear os investimentos feitos em universidades, as
ações afirmativas e políticas que pouco resultado devolvem a sociedade em forma
de pesquisa e valor agregado para a economia.
Segundo Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílio (Pnad) 2013, divulgada em setembro de 2014, o ensino médio é
cursado até o seu final por apenas 54,3% dos jovens até os 19 anos. O estudo
mostra ainda que 19,6% dos jovens de 15 a 17 anos estão ainda no ensino
fundamental, 15,7% não estudam e não concluíram o ensino médio, e 5,9% não
estudam mas já terminaram o ensino médio. No ensino fundamental, a taxa de
conclusão até os 16 anos foi de 71,7%. O estudo apontou ainda diferença de
aproximadamente 20 pontos percentuais entre as taxas de jovens declarados
brancos que concluíram o ensino fundamental aos 16 anos (81%) e o ensino médio
aos 19 anos (65,2%), e aqueles que se declaram negros (60% e 45%,
respectivamente). Em relação à renda, entre os 25% mais ricos, 83,3% terminam o
ensino médio. Já entre os 25% mais pobres, este índice cai para 32,4%.
Apesar de importantes, as
políticas de inclusão social ou de ação afirmativa no ensino superior atreladas
somente ao vestibular – ou a processos seletivos como o Sistema de Seleção
Unificada (Sisu) – são insuficientes para solucionar o problema da exclusão de
jovens oriundos de escola pública. Isso porque a exclusão nas universidades
estaduais e federais ocorre antes mesmo do processo de seleção dos candidatos
para os cursos de graduação. A avaliação foi feita por Marcelo Knobel,
professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), durante o simpósio Excellence in Higher Education.
Quando se fala em ação
afirmativa, a minha opinião é clara: se for para dar que seja por fator renda e
não por raça, ou a raça negra é inferior. A realidade é que temos no Brasil
cerca de 109 universidades públicas e 38 Institutos Federais com status de
universidades que devolvem muito pouco para a sociedade. O economista Eduardo
Giannetti defende o ensino pago nas universidade públicas, pelo menos para os
estudantes que podem pagar e, segundo ele, os que fizeram nível médio em escola
particular, podem pagar ensino universitário. Vamos quebrar o paradigma da
educação, pois os recursos do pré-sal não chegaram ao destino preconizado pelo
governo.