Na
inauguração da plataforma P-55
a Petrobras gastou no evento R$ 1,2 milhão com montagem
e locação de tenda, piso e palco, climatização, locação de equipamentos,
comunicação visual e até alimentação. Contudo, a Presidenta Dilma não apareceu
devido ao mau tempo. Recentemente, a Presidenta Dilma, juntamente com a cúpula
da Petrobras, inaugurou a plataforma P-58 que deverá atuar na costa do Espírito
Santo. Na ocasião, entre discursos e aplausos, recebeu por parte dos operários
a preocupação do eminente desemprego naquela região. Foi prometido que em março
a Petrobras deverá fazer uma nova encomenda. Fica claro que a Petrobras é usada
de forma eleitoreira para controlar a inflação subsidiando o preço dos
combustíveis e criando empregos efêmeros quando produz navios e plataformas por
preços mais caros do que encontrados em pólos navais mais adiantados como a
Coréia do Sul. O desenvolvimento de uma região e de um país se dá através de
planejamento, investimento em educação, mão-de-obra, infraestrutura e criação
de condições para empreendimentos crescentes e sustentáveis com um bom ambiente
de negócios. Fica a questão: será que em Rio Grande será possível criar uma indústria
naval que chame a atenção do mundo com preço e qualidade semelhante à Coréia do
Sul ou ficará dependente de encomendas esporádicas da Petrobras?
Se
formos analisar o crescimento da indústria naval coreana veremos que nasceu de
uma política de governo. Depois de uma guerra civil que vitimou 3 milhões de habitantes
e dividiu a península em dois países, era preciso estruturar a economia da
nação. O ex-general e então presidente da Coreia do Sul, Park Chung-hee,
governante do país de 1961 a
1979, defendia que o caminho era tirar vantagem das características geográficas
da península. O presidente tinha certeza de que a saída para vencer a pobreza
seria pelo mar e assim nasceu na Coréia a melhor indústria naval do mundo. Dos
dez maiores estaleiros do mundo, sete estão na Coréia. O país detém um terço da
carteira internacional de produção de navios, atividade que é um dos principais
motores de sua economia – responde por 6% do PIB. Pelo menos 200 mil coreanos
estão empregados na construção naval.
Mas
a Coréia do Sul precisava dar um salto e para tanto investiu pesadamente em educação. Segundo
o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2010 , os alunos
sul-coreanos ficaram em quinto lugar na prova que testou seus conhecimentos em
matemática, ciências e leitura. Dados do Banco Mundial divulgados em 2011
apontaram que 98% dos jovens entre 25 e 34 anos completaram o ensino médio. Esse
patamar de qualidade e de acesso à educação foi atingido, segundo
especialistas, graças a um maciço investimento em educação (em 2009, segundo o
Banco Mundial, esse investimento foi de 5% do PIB, ou seja, US$ 47,1 bilhões) –
principalmente na formação dos professores, no investimento em material de
apoio e na melhoria da estrutura e funcionamento das escolas – combinado com a
cultura asiática de disciplina e valorização do ensino. Desta forma, a semente
plantada com a indústria naval replicou em segmentos como automóveis e
eletrônicos e siderurgia, transformando a Coréia do Sul na 12° economia do
mundo. Com quase 50 milhões de habitantes, desde os anos 50 a Coréia conseguiu a proeza
de multiplicar seu PIB per capita de US$ 70 para US$ 24,8 mil por habitante ao
ano.