Sou formado em
administração de
empresas e se para alguma coisa serviu meu curso foi para entender
como
funciona a mentalidade das pessoas e das organizações compostas
por elas.
Lembro bem da Teoria Clássica de Taylor e Fayol e seus os
primeiros estudos
sobre a teoria da administração. Fayol relacionou 14 princípios de
acordo com
seus pensamentos. São estes: divisão do trabalho, autoridade e
responsabilidade, unidade de comando, unidade de direção,
disciplina, prevalência
dos interesses gerais, remuneração, centralização, hierarquia,
ordem, equidade,
estabilidade dos funcionários, iniciativa e espírito de corpo.
Também lembro do
estudo de “Tempos e Movimentos” na tentativa de medir em quanto
tempo
determinada atividade era realizada e tentar otimizá-la através da
readequação
de processos. Também dentro de estudiosos de escolas de
administração,
encontramos a experiência de Hawthorne realizada em 1927, pelo
Conselho
Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos (National Research
Council), em uma
fábrica da Western Electric Company, situada em Chicago, no bairro
de Hawthorne
e sua finalidade era determinar a relação entre a intensidade da
iluminação e a
eficiência dos operários medida através da produção. A experiência
foi coordenada
por Elton Mayo e colaboradores, e estendeu-se à fadiga, acidentes
no trabalho,
rotatividade do pessoal (turnover) e ao efeito das
condições de trabalho
sobre a produtividade do pessoal. Nessa fábrica havia um grande
departamento
onde moças montavam relés de telefone. A tese era que aumentando a
luminosidade, a produtividade também aumentaria. A Western
Electric fabrica
equipamentos e componentes telefônicos. Na época, valorizava o
bem-estar dos
operários, mantendo salários satisfatórios e boas condições de
trabalho. A
empresa não estava interessada em aumentar a produção, mas em
conhecer melhor
seus empregados. Para analisar o efeito da iluminação sobre o
rendimento dos
operários, foram escolhidos dois grupos que faziam o mesmo
trabalho e em condições
idênticas: um grupo de observação trabalhava sobre intensidade de
luz variável,
enquanto o grupo de controle tinha intensidade constante.
Curiosamente, no
grupo experimental e no grupo de controle, registrou-se um aumento
na
produtividade. Os pesquisadores não conseguiram provar a
existência de qualquer
relação simples entre a intensidade de iluminação e o ritmo de
produção.
Reduziu-se a iluminação na sala experimental. Esperava-se uma
queda na
produção, mas o resultado foi o oposto, a produção na verdade
aumentou.
Comprovou-se a preponderância do fator psicológico sobre o fator
fisiológico: a
eficiência dos operários é afetada por condições psicológicas.
Reconhecendo que
o fator psicológico influenciava no resultado da pesquisa, os
pesquisadores
pretenderam eliminá-lo da experiência, por considerá-lo
inoportuno, razão pela
qual a experiência prolongou-se até 1932, quando foi suspensa em
razão da crise
econômica de 1929. A conclusão (que ficou conhecida como
experiência de
Hawthorne) é que o aumento da produtividade não estava relacionado
com a
intensidade da luz, mas sim com a atenção que estava sendo dada às
pessoas.
Outro tema desenvolvido durante o curso de administração foi a
respeito da
Pirâmide de Maslow (Abraham Maslow foi um psicólogo de grande
destaque por
causa de seu estudo relacionado às necessidades humanas). Segundo
ele, o homem
é motivado segundo suas necessidades que se manifestam em graus de
importância
onde as fisiológicas são as necessidades iniciais e as de
realização pessoal
são as necessidades finais. Cada necessidade humana influencia na
motivação e
na realização do indivíduo que o faz prosseguir para outras
necessidades que
marcam uma pirâmide hierárquica.
Fiz esta introdução
com estes
conhecimentos para tentar associar a base da pirâmide de Maslow
com a
pró-atividade ou a falta dela (pró-atividade é definida como uma
ação
antecipada, refere-se à tomada de decisões com agilidade e
inteligência). Na
prática, o profissional pró-ativo enquadra-se no perfil dos que
tomam a
iniciativa, seja na realização de novos projetos ou na busca por
soluções
eficazes na empresa, este tipo de profissional está sempre atento,
ele não
espera, faz acontecer; para isso se comunica, tem liderança,
motivação,
planejamento e delega o que é possível. Ao meu ver, um sujeito
pró-ativo é
fruto do meio e da educação adquirida de berço e na escola e
através deste
arcabouço de conhecimento ele vai em busca de seus objetivos,
desde
profissionais até pessoais, como viajar ou adquirir mais
conhecimento. Contudo,
quem está na base da pirâmide, buscando satisfazer tão somente
suas
necessidades fisiológicas, busca um emprego onde esperam tão
somente receber
ordens e cumpri-las até a hora de encerrar o expediente. Seus
objetivos só vão
se expandir a medida em que tiver mais nível de conhecimento,
tanto de estudo
quanto de vivência e relacionamento interpessoal, fazendo ter um
escopo maior
que vai além de fatores meramente fisiológicos.
Reparem tudo que foi
dito acima e
acompanhem mais uma vez minha linha de raciocínio: quanto menor o
estudo, menos
pró-ativo, menos ambicioso e menos contestador o ser humano é.
Está ai um
“rebanho” imenso para ser arrematado por governantes populistas
que se
perpetuam no poder através de suas políticas populistas (Bolsa
Família, Minha
Casa Minha Vida, etc.), sem a mínima necessidade de oferecer um
nível de
educação que faça estas pessoas crescerem ou almejarem novos
objetivos. Alguém
acredita que o novo lema do governo “Brasil, pátria educadora” vai
ser
aprofundado? Claro que não, pois o populismo necessita de gente
que não
questione e viva na base da pirâmide. Quem consegue avançar na
pirâmide ou vive
de forma desconfortável, no sentido em que tem consciência do que
está
acontecendo, mas não tem poder de mudança, ou simplesmente busca
em outros
países atingir seu grau máximo de felicidade e prosperidade.