segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Educação de base já.


 

 

 

           Sou servidor da UFRGS e se fosse me dado o direito de opinar sobre a abertura do campus litoral eu votaria contra. O Brasil não necessita mais de universidades públicas, precisamos inverter a pirâmide de investimentos no ensino e aplicar de forma qualificada no ensino de base, saindo da discussão cansativa que centraliza só os ganhos salariais dos professores, passando por uma melhoria da infraestrutura das escolas, melhor qualificação do quadro funcional e implementação da meritocracia. O que vemos como política é o governo alardear os investimentos feitos em universidades, as ações afirmativas e políticas que pouco resultado devolvem a sociedade em forma de pesquisa e valor agregado para a economia.

            Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2013, divulgada em setembro de 2014, o ensino médio é cursado até o seu final por apenas 54,3% dos jovens até os 19 anos. O estudo mostra ainda que 19,6% dos jovens de 15 a 17 anos estão ainda no ensino fundamental, 15,7% não estudam e não concluíram o ensino médio, e 5,9% não estudam mas já terminaram o ensino médio. No ensino fundamental, a taxa de conclusão até os 16 anos foi de 71,7%. O estudo apontou ainda diferença de aproximadamente 20 pontos percentuais entre as taxas de jovens declarados brancos que concluíram o ensino fundamental aos 16 anos (81%) e o ensino médio aos 19 anos (65,2%), e aqueles que se declaram negros (60% e 45%, respectivamente). Em relação à renda, entre os 25% mais ricos, 83,3% terminam o ensino médio. Já entre os 25% mais pobres, este índice cai para 32,4%.

Apesar de importantes, as políticas de inclusão social ou de ação afirmativa no ensino superior atreladas somente ao vestibular – ou a processos seletivos como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) – são insuficientes para solucionar o problema da exclusão de jovens oriundos de escola pública. Isso porque a exclusão nas universidades estaduais e federais ocorre antes mesmo do processo de seleção dos candidatos para os cursos de graduação. A avaliação foi feita por Marcelo Knobel, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), durante o simpósio Excellence in Higher Education.
Quando se fala em ação afirmativa, a minha opinião é clara: se for para dar que seja por fator renda e não por raça, ou a raça negra é inferior. A realidade é que temos no Brasil cerca de 109 universidades públicas e 38 Institutos Federais com status de universidades que devolvem muito pouco para a sociedade. O economista Eduardo Giannetti defende o ensino pago nas universidade públicas, pelo menos para os estudantes que podem pagar e, segundo ele, os que fizeram nível médio em escola particular, podem pagar ensino universitário. Vamos quebrar o paradigma da educação, pois os recursos do pré-sal não chegaram ao destino preconizado pelo governo.