A
presidenta Dilma aproveitou o encontro com o Presidente Obama para reclamar
contra a política de “expansão monetária” dos países desenvolvidos que, segundo
ela, “põe em risco” o crescimento das economias emergentes. Na primeira visita
à Casa Branca, Dilma Rousseff disse a Barack Obama que a “desvalorização das
moedas dos países desenvolvidos” provoca um desequilíbrio cambial. A primeira
vista é bem capaz do Presidente Obama ficar com pena das economias emergentes e
do Brasil. Contudo, se Obama ouvisse falar do “Custo Brasil” ficaria espantado
e exclamaria “Ohhhh!”
Vamos
comparar a economia americana com a brasileira: para comprar um iPad no Brasil
é preciso desembolsar R$ 1,6 mil e nos EUA dá para comprar o aparelho por R$
800. Se o brasileiro pudesse trazer um Corolla dos EUA desembolsaria R$ 29 mil
enquanto aqui custa R$ 60,00 mil (a japonesa Toyota fabrica o veículo nos dois
países). As diferenças não se restringem só aos EUA: o valor gasto para se
comprar um Fiat Uno no Brasil, mais ou menos R$ 23 mil, é o mesmo preço de um
Smart na Europa. Aquele pequeninho que aqui custa quase R$ 60 mil. Ou um Golf,
que por lá vale cerca de 12 mil euros, ou até mesmo um Jetta, ou um Honda
Civic.
Mas
por que o Brasil custa tão caro? Passamos pela carga tributária (IPI, ICMS,
ISS, Cide, IOF, Cofins,etc.). No Brasil, quase metade do valor de um carro
(40%) vai para o governo em forma de tributos. Nos EUA e na China é 20%, e na
vizinha Argentina, 24%. O mesmo ocorre com outros produtos. Enquanto no resto
do mundo é regra ter um único imposto para o consumo, aqui são pelo menos seis.
A confusão gera cobrança de impostos em cascata. O Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS), que é um imposto estadual, por exemplo, incide
sobre o Cofins, o PIS e o IPI, que é um imposto federal. Ou seja: pagamos
imposto sobre imposto e tudo fica mais caro. O peso do ISS sobre o preço final
dos automóveis chega a 5%. Já o PIS corresponde a quase 2% e o Cofins é de
7,6%. 'Só o IPI pode chegar até 40% do valor de um veículo dependo da potência
dele', explica o analista tributário Marcos Camargo. Outro fator que afeta o
custo dos produtos brasileiros é a ineficiência nacional em diversas áreas,
como infraestrutura e administração (a velha e boa burocracia). Esse atraso é
chamado de “Custo Brasil", pelos especialistas e pode sobrecarregar em até
36% o preço do produto brasileiro em relação aos fabricados na Alemanha e nos
Estados Unidos.
Se
não bastasse tudo isso, convivemos com um dos juros mais altos do mundo. A
diferença de juros cobrada entre um financiamento no Brasil e nos demais países
intensifica a disparidade de valores. A média cobrada no Brasil é de 25% ao
ano, enquanto nos países ricos ela não passa de 10%. Somado a valorização do
real em relação ao dólar, esse custo ajuda a explicar porque um país que está
cada vez mais rico como o Brasil, exporta cada vez mais produtos primários e
semimanufaturados e importa mais produtos de maior valor agregado e de
tecnologia avançada. Temos outros fatores que fazem do Brasil um lugar
hostil para se produzir: falta de
investimento em educação, corrupção, estado inchado e custo da energia
elétrica proibitivo - a conta de luz brasileira
é mais cara que nos Estados Unidos, na França, Suíça, Reino Unido, Japão e
Itália o quilowatt-hora (kWh) custa US$ 0,254, praticamente o dobro do preço
nos EUA (US$ 0,133), o maior consumidor per capita desse serviço no mundo.
Depois de ouvir toda esta explanação o Presidente Obama “daria os ombros para a
Presidenta Dilma!”
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