sábado, 2 de abril de 2016

Fanatismo









Sou um liberal e isto basta para não votar no PT ou qualquer partido de esquerda ou com viés socialista. Agora, me preocupa muito esta dicotomia de PTralhas x Coxinhas que só faz escancarar o ódio sem nenhum debate de ideias e busca de soluções para o país. Sinceramente, acredito que se ocorrer o impeachment da presidenta Dilma pouca coisa irá mudar no Brasil, pois as causas de tudo que estamos passando tem origens diversas.
            Poderia falar da nossa colonização extrativista portuguesa, que retirou riquezas, trouxe a burocracia cartorial carregando na carona a Igreja Católica e todo o ranço visto pela sociedade quando vê alguém prosperar como se fosse um pecado. Mais recentemente, tivemos o recomeço da democracia com a instalação da Assembleia Nacional Constituinte que criou um “conto de fadas” e um verdadeiro monstrengo que atrasa o Brasil que é a Constituição de 1988. Sufocados por anos de ditadura, nossos constituintes colocaram na Carta Magna toda uma gama de reivindicações populares com a falsa ideia de que bastava estar no papel os anseios da sociedade para ver o Brasil mudar. Como disse Roberto Campos “a constituição foi promulgada com a palavra “direito” escrita 76 vezes, mas “dever” aparece em apenas quatro momentos, enquanto “produtividade” e “eficiência” não são mencionadas mais do que duas vezes”. Sem nenhuma reforma e readequação feita na Constituição, assistimos atônitos a sociedade pagar uma carga tributária pesada, com impostos em cascata e ao mesmo tempo os Estados e municípios se encontram em situação de insolvência, pois além de ter que oferecer serviços de saúde, educação e segurança, a União fica com  68% de todos os tributos arrecadados no Brasil que todo mês redistribui um percentual para os demais entes federativos. No fim das contas, acaba assim: 58% da arrecadação fica em Brasília, 24% nos Estados e 18% nos municípios. Ainda sobre a Constituição de 1988, ela foi costurada para ser parlamentarista e aos 45 do segundo tempo se tornou presidencialista carregando uma anomalia enorme, como observou Sérgio Abranches (PhD, sociólogo, cientista político, analista político e escritor) “O Brasil é o único país que, além de combinar a proporcionalidade, o multipartidarismo e o 'presidencialismo imperial', organiza o Executivo com base em grandes coalizões. A esse traço peculiar da institucionalidade concreta brasileira chamarei, à falta de melhor nome, 'presidencialismo de coalizão'.” A distorção do ‘presidencialismo de coalizão’ faz, como bem observou o cronista David Coimbra (Zero Hora – 30/03/2016) que “no Brasil, o presidente dá um ministério em troca de apoio, como se desse uma bicicleta. O partido que ganha a bicicleta, repoltreia-se nela como bem entender. Por que um político recebe de presente determinado ministério? Pelo seu poder de angariar votos dentro daquele partido, não por seu conhecimento da pasta. E ele toma o ministério não para fazer algo de positivo naquele setor, mas para poder distribuir empregos aos seus apaniguados. Aquela diretoria é sua, porque você me somou um milheiro de votos. Você vai ficar com uma secretaria, porque me valeu 500.”
            Com tudo isso claro que só poderíamos criar uma geração com o mínimo de educação (pois o estado falido não consegue oferecer um ensino de base decente), além de fazer crescer na maioria da população, sobretudo a excluída, a necessidade de procurar eleger aquele político que encare a “figura do pai” paralelo ao estado que se corrompe no legislativo e no executivo que se abastece de legisladores, onde deveria ter técnicos competentes. Graças a um juiz de primeiro grau, com a operação Lava Jato, podemos ver o quanto este sistema político do “presidencialismo de coalizão” está custando caro, com efeitos deletérios nas finanças públicas, ruptura do tecido social, deterioração de valores na sociedade e ódio exacerbado entre governistas (petistas) e os que são contra o governo, com palavras de ordem e o mínimo de discussão sobre as causas que levaram o Brasil a situação atual e as saídas. Resta ainda reforçar porque sou liberal: somente o capitalismo é capaz de gerar riqueza e renda. No socialismo vemos os meios de produção ir para as mãos do governo, o que por si só é um afronta contra a liberdade de ter, ir e vir, sendo um sistema incompatível com a democracia. Podemos discutir sobre a social democracia, mas isto já é outro assunto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário