Sou
um liberal e isto basta para não votar no PT ou qualquer partido de esquerda ou
com viés socialista. Agora, me preocupa muito esta dicotomia de PTralhas x
Coxinhas que só faz escancarar o ódio sem nenhum debate de ideias e busca de
soluções para o país. Sinceramente, acredito que se ocorrer o impeachment da
presidenta Dilma pouca coisa irá mudar no Brasil, pois as causas de tudo que
estamos passando tem origens diversas.
Poderia falar da nossa colonização
extrativista portuguesa, que retirou riquezas, trouxe a burocracia cartorial
carregando na carona a Igreja Católica e todo o ranço visto pela sociedade
quando vê alguém prosperar como se fosse um pecado. Mais recentemente, tivemos
o recomeço da democracia com a instalação da Assembleia Nacional Constituinte
que criou um “conto de fadas” e um verdadeiro monstrengo que atrasa o Brasil
que é a Constituição de 1988. Sufocados por anos de ditadura, nossos
constituintes colocaram na Carta Magna toda uma gama de reivindicações
populares com a falsa ideia de que bastava estar no papel os anseios da
sociedade para ver o Brasil mudar. Como disse Roberto Campos “a constituição foi
promulgada com a palavra “direito” escrita 76 vezes, mas “dever” aparece em
apenas quatro momentos, enquanto “produtividade” e “eficiência” não são
mencionadas mais do que duas vezes”. Sem nenhuma reforma e readequação feita na
Constituição, assistimos atônitos a sociedade pagar uma carga tributária pesada,
com impostos em cascata e ao mesmo tempo os Estados e municípios se encontram
em situação de insolvência, pois além de ter que oferecer serviços de saúde,
educação e segurança, a União fica com
68% de todos os tributos arrecadados no Brasil que todo mês redistribui
um percentual para os demais entes federativos. No fim das contas, acaba assim:
58% da arrecadação fica em Brasília, 24% nos Estados e 18% nos municípios.
Ainda sobre a Constituição de 1988, ela foi costurada para ser parlamentarista
e aos 45 do segundo tempo se tornou presidencialista carregando uma anomalia
enorme, como observou Sérgio Abranches (PhD, sociólogo, cientista político,
analista político e escritor) “O Brasil é o único país que, além de
combinar a proporcionalidade, o multipartidarismo e o 'presidencialismo
imperial', organiza o Executivo com base em grandes coalizões. A esse traço
peculiar da institucionalidade concreta brasileira chamarei, à falta de melhor
nome, 'presidencialismo de coalizão'.” A distorção do ‘presidencialismo de
coalizão’ faz, como bem observou o cronista David Coimbra (Zero Hora –
30/03/2016) que “no Brasil, o presidente dá um ministério em troca de apoio,
como se desse uma bicicleta. O partido que ganha a bicicleta, repoltreia-se
nela como bem entender. Por que um político recebe de presente determinado
ministério? Pelo seu poder de angariar votos dentro daquele partido, não por
seu conhecimento da pasta. E ele toma o ministério não para fazer algo de
positivo naquele setor, mas para poder distribuir empregos aos seus
apaniguados. Aquela diretoria é sua, porque você me somou um milheiro de votos.
Você vai ficar com uma secretaria, porque me valeu 500.”
Com tudo isso claro que só
poderíamos criar uma geração com o mínimo de educação (pois o estado falido não
consegue oferecer um ensino de base decente), além de fazer crescer na maioria
da população, sobretudo a excluída, a necessidade de procurar eleger aquele
político que encare a “figura do pai” paralelo ao estado que se corrompe no
legislativo e no executivo que se abastece de legisladores, onde deveria ter
técnicos competentes. Graças a um juiz de primeiro grau, com a operação Lava
Jato, podemos ver o quanto este sistema político do “presidencialismo de
coalizão” está custando caro, com efeitos deletérios nas finanças públicas,
ruptura do tecido social, deterioração de valores na sociedade e ódio exacerbado entre governistas (petistas) e os que são contra o governo, com
palavras de ordem e o mínimo de discussão sobre as causas que levaram o Brasil
a situação atual e as saídas. Resta ainda reforçar porque sou liberal: somente
o capitalismo é capaz de gerar riqueza e renda. No socialismo vemos os meios de
produção ir para as mãos do governo, o que por si só é um afronta contra a
liberdade de ter, ir e vir, sendo um sistema incompatível com a democracia. Podemos
discutir sobre a social democracia, mas isto já é outro assunto.
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